terça-feira, 22 de junho de 2010

viu. hoje eu sou assim meio seca. (dá pra perceber?)
a vida é assim, é boa, é sim. mas também é ruim, senhor, deixa a gente assim meio duro, cascudo, ríspido. bloqueia nossa simplicidade de sentir o universo. atribui camadas grossas à nossa sensibilidade.
ah, mas não reclamo não. a vida é boa, é sim.
mas não sei não, senhor, com o passar do tempo até a lágrima demora a cair, o sorriso sincero demora a desabrochar. ai senhor, há momentos que eu queria ser aquela menina moça, mas depois, senhor, eu desisto da minha vontade, ela não vem mesmo, né?
senhor meu senhor, eu tento entender essa vida, eu persisto para me adaptar, fico até meio teimosa. mas é que as vezes não vejo sentido nenhum em continuar nesse destino.
eu queria mesmo é viver meus anos da mocidade, estar junto de quem amei, de quem o destino me desfez, ter os olhos mais puros, e não desejar tanto essas coisas mundanas, que até parece que mandam nagente.
ai senhor, eu vou voltar pra minha realidade, deixar toda essa bobagem de lado.
onde já se viu, eu que aqui perdendo tempo com bobagem...

sábado, 19 de junho de 2010



O tempo passou, uma ventania, um sopro. Hoje é uma leve brisa, carrega simplicidade. Perdeu seu peso imenso, dos temores intensos.
Cheira natureza e limpeza, dispensa qualquer interrogação.
O medo de perder, de seguir, de existir, nem existi mais.
Isso não parece nada? Mas é muito, uma conquista almejável.
Os círculos por que passei, por que me enrosquei, se desfizeram. Não insistem mais em sua sofreguidão, em seu não fim.
E pra isso tive que perder muito, tive que admitir a perda, a derrota. Quem não assume a derrota não ultrapassa seu maior obstáculo.
Os conflitos não se esvaem, nunca. Mas permitem - dependendo - outras versões de vida.
Você pode permanecer em uma vida - se não perceber - no mesmo impasse, e sofrendo, sem nunca passar dele. Ah, como pode. Mesmo que não o admita.
Pode ter momentos de ascensão, mas não passará de momentos.
E quanto mais sua vida protela momentos, e só momentos, mais padece, adoece, em silêncio.
Uma dor singela restitui seu corpo, e você sem domínio do seu próprio ser.
Torna-se prisioneiro, acorrentado em si.
Pense: que mal destino terá essa história.
A força para não sucumbir a isso, está em também se render a fraqueza.
A onipotência não trabalha os conflitos pessoais. Só os desafia, os forçando cada vez mais. Até os multiplicarem em problemas homéricos pelo íntimo.
E a saída se torna cada vez mais distante, e inalterável.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O tempo passa, as necessidades começam a ficar famintas, e a gente as alimenta como convém. Eu passei muita fome durante épocas específicas. E por muito tempo se estendeu uma desnutrição. O corpo vivia como se vegetasse, sem energia, sem força, sem sentido, perdido, desnorteado, como morto de fome: um processo intenso de sensibilização, fragilidade, que se espalha. Primeiro a perda da consciência, da lógica, depois o desconforto existencial, como se nada tivesse uma direção, seguido da irritação cutânea, enfraquecimento respiratório, excesso sensorial, desde as vistas até! Uma fome progressiva, profunda, e que não há como satisfazê-la. Eu procurava situações que me tirassem da morbidez vital e nada funcionava. O corpo resistia - tinha que resistir. Morreria! Mas resistiria até o último suspiro. Morria lentamente a cada gesto. O corpo sincronizado: agoniza, respira, agoniza, respira, agoniza! Tranquilamente durante seu próprio sepultamento. Surta num instante de vacilo, e se perde dentro da euforia decadente, se rompe diante do abismo, e parte em pedaços desproporcionais. É difícl explicar, mas o corpo foi destruído, pior que à queima roupa, alcança um estágio de lesão generalizada, desprotegido, feito o feto retirado do leito: assusta! Liqüefaz feito lágrimas descontroladas, paralisa! Perde o tom, o dom. Pra sair dessa: muita força, determinação, e coragem. Pra não se render: muito amor próprio. E acima de tudo: vontade! Desejo! De viver, de algo a mais, estritamente particular. Objetivo! Para se manter na luta. Se eu não tivesse objetivo, talvez não fosse nada. Sonhos! Se não tivesse sonhos, nem levantaria da cama. Se não tivesse eu mesma, com certeza não teria nada. E para me ter é necessário tudo isso. Se não meu corpo padece, entristece, e foge para onde não haja vida. Eu estou encadeada a tudo isso para viver, para ascender dentro de mim, quão mais importante que fora. O mundo fora não é - não será - porra nenhuma, enquanto não nos atentarmos ao nosso complexo mundo interior. Tudo está encadeado. Enquanto o ser humano não cresce o mundo nunca irá crescer. Não é óbvio isso? O mundo é o que fazemos dele, o que fazemos é o que somos. Por isso a evolução de poucos faz diferença! Incentiva a de outros, plorifera, pouco a pouco. Quer ser algo porra? Porque então está deixando se igualar a mediocridade alheia? De que lhe serve tanta fraqueza? Eu não sei não, mas não hei de completar os meus dias com mistura de farelo, daquele pão velho, tá me entendendo? O que eu desejo para minha vida é muito maior, muito maior! É pra ficar marcado na história, no mínimo. É pra me marcar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

eu vivo de memórias
releio minha vida
todos os dias
um novo desafio
uma nova aceitação
conviver com o perdão
de antemão
prevendo reações
angústia, dor, e flagelo
prazer, alívio, e recompensa
medito sobre as marcas
que meu corpo criou

sexta-feira, 4 de junho de 2010

eu queria ser um fluído
pairar sobre o universo
me envolver em tudo
e não ter contato com nada
fazer parte de tudo
e não ser nada
ah desejo distante!
ah longínqua obtenção!
me desespero e me dissolvo
na superfície física deste mundo
eu quero derreter com a chuva
evaporar e constituir o sol
oh doce ilusão!
me vem, me toma, e se vai

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu sonho com um amor, uma forte paixão.
Eu sonho sem fim.
As vezes parece ilusão, as vezes parece estar próximo.
Chego a me atropelar de tanta vontade.
Cometo erros, me confundo nas pessoas que projeto.
Continuo sonhando.
Interminável.
Caio do tropeço, me erguo com força.
Não perco a esperança.
Continuo sonhando.
Passo dias de solidão, desejando o carinho de alguém que nem conheço.
Espero.
Continuo sonhando.
Conheço alguém e me perco em devaneios.
Permaneço sozinha.
Me pergunto quando há de vir, se há de vir.
Continuo sonhando.
Acredito que virá naturalmente.
É preciso tempo, calma, energia, e vida.
Certos dias não aguento mais.
E continuo sonhando.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eu sei porque me sinto tão distante do mundo, como se meus pés estivessem fora do chão, e eu fosse uma espécie de absurdo: louca.
Eu não me encontro no mundo, é constante, não me encontro, apenas me perco, é constante.
O mundo me faz perder-me de mim.
Faz-me perder a sensibilidade que exalo em meu mundo.
Eu vivo submersa na sensibilidade, e gosto assim de viver, amo.
Sem sensibilidade eu não sou nada. Sou como todos os outros.
Não! Ser como os outros não!!
Não quero, não posso!
E é uma armadilha. Ser sensível e viver com o mundo.
O mundo nos faz perder a sensibilidade, heis o desejo do mundo. Heis o vilão.
Rouba nossos corações, nossa integridade. Rouba! Rouba! Rouba!
O mundo tem que ser medíocre para continuar em pé.
A cidade tem que ser ignorante para continuar.
O homem tem que ser pobre para seguir sua vid(inh)a!
O mundo se auto-destrói. E nós que somos o mundo. Destrói-nos. Destrói! Destrói!
E você que acha que enxerga, está cego, miope, mudo, sem voz, sem dialogo, sem nada!
Só lhe resta as roupas, os trocados nos bolsos.
Só lhe sobra uma conta bancária, uma prisão sócio-econômica. E lojas! Lojas! Lojas!
Um minuto de atenção, exercite. Observe, contemple, mire, concentre.
E veja o que lhe resta do cotidiano vasto.
Enxugue seus sentidos. pouco lhe sobrará.
Tente instituir uma nova idéia, tente inovar, você fracassará!
Todos fracassamos, todos os dias.
Somos quase nada movidos a poluição.
Eu sei, você que chegou até aqui, e nem está entendendo o que falo, ou acha que está, não está!
Nascemos e desaprendemos, nos desprendemos da divindade.
Construímos seres erráticos. Manipuladamente educados.
Destituídos da divina sabedoria.
Tudo que sabemos não é nada, porra nenhum. Tudo convenção! Tudo criado, formulado.
Isso que eu quero informar, reformar, tranformar, me revoltar, não tem fim.
Quem sabe você tome nota disso, da gravidade, da agressividade, do grau de complexidade.
Porque nem eu ainda tenho noção.