sábado, 25 de dezembro de 2010

cansei de fazer parte desta vitrine



o desespero da alma

a dimensão de seu espaço

ocupa
palco

palco
ocupa

e o marca-passo do relógio
afagando um coração
atrasado de si mesmo

domingo, 12 de dezembro de 2010

um abismo: o olhar
a profundidade de um corpo
se retirando do que e solido

a superficie desse poco que nunca se alcanca

a queda latente
a luta contra ela
a resistencia perseverante

na verdade, tudo por ser um engano melindroso

passado da queima das vistas
do medo nocivo, da desprotecao eloquente
e da confusao indecifravel

que se resgata com o feixe de luz longinqua
que se abre com o desfecho da aventura desmedida
nasci da dor
pois que ela me acompanha
e celamos um pacto
misterio
que so ela retem
porque se hoje
não faz sentido algum
que mais tardar
também não haja
mais algum
para fazer-me perder
o mesmo

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

seremos somente
sempre
os mesmos
enquanto
não superarmos
nossa condição mundana

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

gosto dos momentos mais tórridos
quando me transformo numa força: além de mim,
grito por mim
silencio pelo resto
perco meus passos
e giro na turbulência
de sempre ser assim
e saber que minha companhia basta
tendo a sensação que nada vivo
nado em mim mesma
e basta por aqui

sábado, 23 de outubro de 2010

não nasci

perdi-me na multidão de embriões

.

Nasci

Caí

.

Assim

Para preencher a trilha que me pertence

.

Sozinha

Assim

Eu nasci

.

Para ser assim

Até preencher todo meu eu

.

Até provar

não nasci para ninguém

Ao menos para mim

que me prezo

.

há momentos que me perco

em mim mesma

.

a espreita do meu coração

há um tumulto que o enterra

.

me perco

na correnteza de meu corpo

.

meus olhos pedrificam

suas lágrimas

do passado

.

o dissabor de perder

na loucura de alcançar um eu talvez

que exista

.

perdido

meu silêncio

que me impede

que o ouça

.

perdido paradoxo

trouxe

o medo, eu, o mundo

.

era uma vez

que se acabou

logo de ínicio

.

era um extravio

tudo que fugia

destruia

e alimentava

.

meu remente

eu

dessaramou seu amor

no vão

.

sem fim

o precipício

tornou-se por completo

o raio de visão

.

e por aqui

não há saída irmão

que me tateie

.

minha mão bruta

que periga

meu corpo

.

nada mais

aqui em vão

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

eu tenho a felicidade enlatada nas prateleiras do armário, tudo guardado com muito pudor. eu tenho a tristeza efervescente em meus olhos. um desejo tão íntimo e profundo, que estranhamente acompanha um toque de obscuridade.
uma confusão passageira
um surto
um misto daquele grito não cometido
um medo. pavor
uma fuga. eterna
uma certeza. desgosto
uma ilusão.
um destino. concedido e comprido
há dias em que morro
e a minha morte é puro silencio
é o desejo de paz
e o lamento de minha alma
é cansaço descanso
um terno protesto
e o soletrar da calma laranja
vozes e mais vozes
uma multidão de vozes
que tropeçam
me atropelam
desarmam-me
e se calam

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

os dias tem sido dias difíceis.
já não sinto as coisas.
eu entrei numa capsula muito protegida e fora do alcance de qualquer um.
acordar dia após dia as vezes pode ser assustador.
e, levantar da cama sem direção, levantar porque esse é o próximo passo.
lembrar dos outros passos e não desejar nenhum.
eu não me sinto triste, só me sinto serena o tempo inteiro.
e não quero sair de onde estou.
ou talvez queira, mas para onde quero não exise mais.
eu não quero tornar o amor um pesadelo.
mas pra mim, talvez ele já tenha se tornado.
e por isso, eu esteja assim.
me pergunte o que é o amor.
te direi: eu não sei, eu não o sinto.
mas posso te dizer que, sem amor é impossível viver.
um movimento
que rompe, esquenta
permiti
a desvastação consciente
a dor como acompanhante
um movimento
um arpejo das profundezas
o belo dia que morreu
o calor que esfria
quando qualquer sentido é inacessível

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

strangers in the night



hoje, sermos julgados é mais fácil do que estar vivo
até porque uma coisa leva a outra
basta estar vivo para ser julgado
eu sempre fui contra julgamentos
sempre achei um ato gratuitamente agressivo
mas, me parece que hoje viver sem esse meio é quase impossível
sem querer ouvimos as pessoas nos julgarem sem nos darmos conta

me incomoda a vulgaridade dessa pratica social
porque pra mim, eu sinto, como se fosse um ato vulgar
e é. não tem como não ser
a partir do momento que você se dispõe a fazer qualquer observação depreciativa sem a mínima profundidade de conhecimento sobre o que fala
(todos sabemos que falar é fácil)
então o risco é altamente inflamável, de estar comprometendo a identidade de uma pessoa inocente

não falo isso no sentido de condenar quem julga os outros
porque eu sei que muitas das vezes isso é feito sem nenhuma intenção negativa
e aí que está o problema, porque a conseqüência nunca será positiva

tudo o que fazemos e geramos nesse mundo é conservado ou transformado
nada é destruído
tudo o que falamos funciona como uma energia
que possui um percurso natural
faz parte do cosmos, da ordem do universo, e se propaga
e o caminho do que colocamos no mundo, nós não controlamos
sendo assim, abrimos portas energéticas dentro do cosmos tão dispensáveis que nem nos damos conta

eu sei que nada é perfeito
que a curiosidade pulsa
e que adoramos dar nossa opnião a alheios
mas heis o preço dessa escolha um tanto primitiva

afinal, somos muito primitivos
e temos de admitir tal faceta humana

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ser humano, eu sou
E relato com tamanha pretensão
Que nós
- setenta por cento da nossa espécie –
Sofre da falta de sinceridade
!
Abismado? Não?
Talvez não tanto quanto eu.
[Intervem outrem]
Impossível! (...) Deve ser um erro de estatísitica.
[Retorna em seguida, o outrem inicial]
Não, não é.
Só se for um erro de observação alheia - (?)
[Retoma o outrem de opnião-atitude-e-virilidade]
Mas confirmo com minha tamanha pretensão que não é. !
E, confirmo que, oitenta por cento desses setenta por cento - continua...
determina exatamente minha ousada afirmativa.
MEDO? não!!
Pavor!
Que civilização é essa que deterioriza a si mesma? Qual é? ME RESPONDA! AGORA!
Porque eu não sei responder, mesmo que, eu, faça parte dela - infelizmente (?).
E já que fazemos parte dela, e nos perdemos, e nos desfazemos,
e nos encontramos por lapsos de circunstâncias especiais,
justifiquemos porque tamanha covardia com essa vida tão sinjela,
que deveria ser. ?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

o mundo roda, roda, roda, roda.
e a gente roda junto, se perde no redemoinho.
tritura, mastiga, e retorna.
pensamentos fervem, evaporam, liqüefazem: e tudo no mesmo lugar.
sentimentos correm, param, pairam e piram: nada mudou.
a gente se auto-entorpece, "nada" é preciso para o cometer, e continuamos vagando.
vagando, até algo nos chamar, e avisar que a vida não é essa monotonia toda, não.
a vida não está perdida na morbidez dos dias que se arrastam e se protelam altruístamente.
só se nós estivermos perdidos.
estamos?
acho que não.
estar perdido é um sinônimo. só um sinônimo.
depende de você, se o absorver, ao passo que o encorpora.
o mundo é um sinômino, tudo criado, tudo inventado.
o que é real mesmo! não é tátil, é imensurável.
mas é latente, porque é real.

terça-feira, 22 de junho de 2010

viu. hoje eu sou assim meio seca. (dá pra perceber?)
a vida é assim, é boa, é sim. mas também é ruim, senhor, deixa a gente assim meio duro, cascudo, ríspido. bloqueia nossa simplicidade de sentir o universo. atribui camadas grossas à nossa sensibilidade.
ah, mas não reclamo não. a vida é boa, é sim.
mas não sei não, senhor, com o passar do tempo até a lágrima demora a cair, o sorriso sincero demora a desabrochar. ai senhor, há momentos que eu queria ser aquela menina moça, mas depois, senhor, eu desisto da minha vontade, ela não vem mesmo, né?
senhor meu senhor, eu tento entender essa vida, eu persisto para me adaptar, fico até meio teimosa. mas é que as vezes não vejo sentido nenhum em continuar nesse destino.
eu queria mesmo é viver meus anos da mocidade, estar junto de quem amei, de quem o destino me desfez, ter os olhos mais puros, e não desejar tanto essas coisas mundanas, que até parece que mandam nagente.
ai senhor, eu vou voltar pra minha realidade, deixar toda essa bobagem de lado.
onde já se viu, eu que aqui perdendo tempo com bobagem...

sábado, 19 de junho de 2010



O tempo passou, uma ventania, um sopro. Hoje é uma leve brisa, carrega simplicidade. Perdeu seu peso imenso, dos temores intensos.
Cheira natureza e limpeza, dispensa qualquer interrogação.
O medo de perder, de seguir, de existir, nem existi mais.
Isso não parece nada? Mas é muito, uma conquista almejável.
Os círculos por que passei, por que me enrosquei, se desfizeram. Não insistem mais em sua sofreguidão, em seu não fim.
E pra isso tive que perder muito, tive que admitir a perda, a derrota. Quem não assume a derrota não ultrapassa seu maior obstáculo.
Os conflitos não se esvaem, nunca. Mas permitem - dependendo - outras versões de vida.
Você pode permanecer em uma vida - se não perceber - no mesmo impasse, e sofrendo, sem nunca passar dele. Ah, como pode. Mesmo que não o admita.
Pode ter momentos de ascensão, mas não passará de momentos.
E quanto mais sua vida protela momentos, e só momentos, mais padece, adoece, em silêncio.
Uma dor singela restitui seu corpo, e você sem domínio do seu próprio ser.
Torna-se prisioneiro, acorrentado em si.
Pense: que mal destino terá essa história.
A força para não sucumbir a isso, está em também se render a fraqueza.
A onipotência não trabalha os conflitos pessoais. Só os desafia, os forçando cada vez mais. Até os multiplicarem em problemas homéricos pelo íntimo.
E a saída se torna cada vez mais distante, e inalterável.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O tempo passa, as necessidades começam a ficar famintas, e a gente as alimenta como convém. Eu passei muita fome durante épocas específicas. E por muito tempo se estendeu uma desnutrição. O corpo vivia como se vegetasse, sem energia, sem força, sem sentido, perdido, desnorteado, como morto de fome: um processo intenso de sensibilização, fragilidade, que se espalha. Primeiro a perda da consciência, da lógica, depois o desconforto existencial, como se nada tivesse uma direção, seguido da irritação cutânea, enfraquecimento respiratório, excesso sensorial, desde as vistas até! Uma fome progressiva, profunda, e que não há como satisfazê-la. Eu procurava situações que me tirassem da morbidez vital e nada funcionava. O corpo resistia - tinha que resistir. Morreria! Mas resistiria até o último suspiro. Morria lentamente a cada gesto. O corpo sincronizado: agoniza, respira, agoniza, respira, agoniza! Tranquilamente durante seu próprio sepultamento. Surta num instante de vacilo, e se perde dentro da euforia decadente, se rompe diante do abismo, e parte em pedaços desproporcionais. É difícl explicar, mas o corpo foi destruído, pior que à queima roupa, alcança um estágio de lesão generalizada, desprotegido, feito o feto retirado do leito: assusta! Liqüefaz feito lágrimas descontroladas, paralisa! Perde o tom, o dom. Pra sair dessa: muita força, determinação, e coragem. Pra não se render: muito amor próprio. E acima de tudo: vontade! Desejo! De viver, de algo a mais, estritamente particular. Objetivo! Para se manter na luta. Se eu não tivesse objetivo, talvez não fosse nada. Sonhos! Se não tivesse sonhos, nem levantaria da cama. Se não tivesse eu mesma, com certeza não teria nada. E para me ter é necessário tudo isso. Se não meu corpo padece, entristece, e foge para onde não haja vida. Eu estou encadeada a tudo isso para viver, para ascender dentro de mim, quão mais importante que fora. O mundo fora não é - não será - porra nenhuma, enquanto não nos atentarmos ao nosso complexo mundo interior. Tudo está encadeado. Enquanto o ser humano não cresce o mundo nunca irá crescer. Não é óbvio isso? O mundo é o que fazemos dele, o que fazemos é o que somos. Por isso a evolução de poucos faz diferença! Incentiva a de outros, plorifera, pouco a pouco. Quer ser algo porra? Porque então está deixando se igualar a mediocridade alheia? De que lhe serve tanta fraqueza? Eu não sei não, mas não hei de completar os meus dias com mistura de farelo, daquele pão velho, tá me entendendo? O que eu desejo para minha vida é muito maior, muito maior! É pra ficar marcado na história, no mínimo. É pra me marcar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

eu vivo de memórias
releio minha vida
todos os dias
um novo desafio
uma nova aceitação
conviver com o perdão
de antemão
prevendo reações
angústia, dor, e flagelo
prazer, alívio, e recompensa
medito sobre as marcas
que meu corpo criou

sexta-feira, 4 de junho de 2010

eu queria ser um fluído
pairar sobre o universo
me envolver em tudo
e não ter contato com nada
fazer parte de tudo
e não ser nada
ah desejo distante!
ah longínqua obtenção!
me desespero e me dissolvo
na superfície física deste mundo
eu quero derreter com a chuva
evaporar e constituir o sol
oh doce ilusão!
me vem, me toma, e se vai

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu sonho com um amor, uma forte paixão.
Eu sonho sem fim.
As vezes parece ilusão, as vezes parece estar próximo.
Chego a me atropelar de tanta vontade.
Cometo erros, me confundo nas pessoas que projeto.
Continuo sonhando.
Interminável.
Caio do tropeço, me erguo com força.
Não perco a esperança.
Continuo sonhando.
Passo dias de solidão, desejando o carinho de alguém que nem conheço.
Espero.
Continuo sonhando.
Conheço alguém e me perco em devaneios.
Permaneço sozinha.
Me pergunto quando há de vir, se há de vir.
Continuo sonhando.
Acredito que virá naturalmente.
É preciso tempo, calma, energia, e vida.
Certos dias não aguento mais.
E continuo sonhando.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eu sei porque me sinto tão distante do mundo, como se meus pés estivessem fora do chão, e eu fosse uma espécie de absurdo: louca.
Eu não me encontro no mundo, é constante, não me encontro, apenas me perco, é constante.
O mundo me faz perder-me de mim.
Faz-me perder a sensibilidade que exalo em meu mundo.
Eu vivo submersa na sensibilidade, e gosto assim de viver, amo.
Sem sensibilidade eu não sou nada. Sou como todos os outros.
Não! Ser como os outros não!!
Não quero, não posso!
E é uma armadilha. Ser sensível e viver com o mundo.
O mundo nos faz perder a sensibilidade, heis o desejo do mundo. Heis o vilão.
Rouba nossos corações, nossa integridade. Rouba! Rouba! Rouba!
O mundo tem que ser medíocre para continuar em pé.
A cidade tem que ser ignorante para continuar.
O homem tem que ser pobre para seguir sua vid(inh)a!
O mundo se auto-destrói. E nós que somos o mundo. Destrói-nos. Destrói! Destrói!
E você que acha que enxerga, está cego, miope, mudo, sem voz, sem dialogo, sem nada!
Só lhe resta as roupas, os trocados nos bolsos.
Só lhe sobra uma conta bancária, uma prisão sócio-econômica. E lojas! Lojas! Lojas!
Um minuto de atenção, exercite. Observe, contemple, mire, concentre.
E veja o que lhe resta do cotidiano vasto.
Enxugue seus sentidos. pouco lhe sobrará.
Tente instituir uma nova idéia, tente inovar, você fracassará!
Todos fracassamos, todos os dias.
Somos quase nada movidos a poluição.
Eu sei, você que chegou até aqui, e nem está entendendo o que falo, ou acha que está, não está!
Nascemos e desaprendemos, nos desprendemos da divindade.
Construímos seres erráticos. Manipuladamente educados.
Destituídos da divina sabedoria.
Tudo que sabemos não é nada, porra nenhum. Tudo convenção! Tudo criado, formulado.
Isso que eu quero informar, reformar, tranformar, me revoltar, não tem fim.
Quem sabe você tome nota disso, da gravidade, da agressividade, do grau de complexidade.
Porque nem eu ainda tenho noção.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

a dor e o silêncio
o silêncio e a dor

a solidão e a paz
a paz e a solidão

a emoção e a fuga
a fuga e a emoção

a responsabilidade e a particularidade
a particularidade e a responsabilidade

o amor e a liberdade
a liberdade e o amor

o desejo e o medo
o medo e o desejo

o prazer e a sensatez
a sensatez e o prazer

a oscilação e o equilíbrio
o equilíbrio e a oscilação

a verdade e a intenção
a intenção e a verdade

o tropeço e o perdão
o perdão e o tropeço

o exílio e a carência
a carência e o exílio

o conforto e a vontade
a vontade e o conforto

as palavras e a imensidão
a imensidão e o nada

domingo, 30 de maio de 2010

me deparo com o medo íntimo
ou o medo tátil
e, ou até o medo conceituado

todos nós sentimos medo
medo! medo! medo! medo!
um buraco concebido pela sociedade

depois de tanta agressão
meu corpo se aflinge
com a proximidade de outrens

acho tosco.
mas tornei-me uma ostra
em decorrência dos fatos

me conformo.
não transcendemos ainda
nossa condição humana

e berro.
todos nós vivemos a mesmice alheia
ninguém está acima ou abaixo, todos!

terça-feira, 25 de maio de 2010

a tendência humana é sofrer
por mais que todos nós demos risadas todos os dias
não há quem não tenha devaneios cotidianos
fique frágil e só perceba momentos após
não há um olhar que não se perca inconscientemente
todos nós carregamos fados
e ele nunca deixará de existir
nós que transformamos como viver junto a ele
o que importa é como enxergamos a vida
e que maravilha é isso, nós que formamos nossa maneira de ver o mundo
como mais nos agrada, conforta e enfim, nos faz feliz!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

já perceberam como o amor funciona de forma descartável?
basta nos incomodar um pouco que o largamos.
e substituímos por outro, que no futuro sofrerá do mesmo mal.
pra mim o amor sempre funcionou de forma única e impar.
dentro da minha lógica não se encontra outro alguém.
de acordo com o que observo o amor só agrega frustrações.
percebo regularmente a fraqueza psico-emocional das pessoas para ultrapassar as crises.
o expoente crucial da desestruturação dos relacionamentos.
já que as pessoas não se vêem prontas para domar os problemas.
acho que estar pronto nessa vida é quase uma ilusão.
não nascemos prontos, não é? pelo contrário, compartilhamos da evolução.
e a evolução tem que ser respeitada, vivida com paciência.
se olhamos para nosso parceiro e achamos que ele não é o suficiente, é uma pena, porque ninguém será suficiente por inteiro.
o ser-humano nunca será completo, cada um é uma peça do quebra-cabeça para completar o quadro.
por isso a necessidade de nos unirmos, e nunca consumada até hoje.
essa idéia de individualismo que é vendida pelas vitrines é um equívoco quanto a nossa essência.
eu que faço parte de tudo isso, acho tudo tão triste.
teimo em dizer que as pessoas estão bem longe de saber a verdade sobre elas mesmas, e nós em comunhão.
falam sobre a degradação da comunicação social
em contraponto a mega introdução da tecnologia no cotidiano alheio
o substituto alvo da velha boa conversa amiga
diante de observações sobre o assunto
é perceptível a depreciação atual do uso de meios comunicativos - em geral
o vazio de assuntos e conteúdos
a implantação de nada dito o tempo inteiro
mesmo ao som de diferentes vozes constantes
de textos, imagens, tudo que constitui informação
pessoalmente posso dizer que tento combater este mal
e muitas vezes me sinto derrotada
a maioria não possui interesse ou mesmo receptividade para assuntos um pouco mais elaborados
o pensamento coletivo tem atrofiado aos passar de cada dia
e tem provocado o silêncio de outros
engraçado porque há os que defendem uma boa dialética, mas não arriscam com seus demais
ainda não descobri o antídoto para a febre de tanta conversa descartável
pense comigo
isso merece um protesto
um alerta nacional, internacional
acredito que a falta de estímulos psíquicos, como ler, ver, ouvir: pesquisar, investigar, instigar, contribui para a paralisia cerebral que vivemos em lento processo progressivo
é muito comum escutarmos repetidamente o mesmo assunto, a mesma frase, o mesmo acontecimento ao longo da semana
ou presenciarmos com a mesma linha de pensamento sobre política, economia, filosofia, psicologia, e nada de novo
a paralisia cerebral também acarreta a paralisia corporal, a desmotivação, o desejo vicioso de não se movimentar mais
tudo muito perigoso
por isso meu manifesto
tomem consciência

sexta-feira, 21 de maio de 2010

eu hibernei por muito tempo
e continuei vivendo. quase que alucinada
aprendi com a pele e é eterno
a memória será pra sempre viva
e o silêncio é uma prece
de tudo que já foi dito, de tudo que já vi
o silêncio é a conquista

segunda-feira, 17 de maio de 2010

quando o passado começa a se revelar
rente ao presente
mesmo que não haja detalhes sobre
tudo começa a ser tornar duvidoso
e cair desse precipício é vacilante
quase atraente
ou
traidor mesmo
eu odeio desconfiança
eu odeio falta de sinceridade
e esses dois andam juntos
quem tem medo de falar
quem sofre por não saber
todo dia eu me lembro
do tempo que me esconderam das verdades
e isso é o que mais me machuca
mais do que tudo
eu odeio falta de caráter
eu odeio falta de coragem
eu odeio quando eu sei que aquela pessoa não foi ela mesma comigo, mesmo que o verdadeiro dela seja ruim!
eu odeio falta de personalidade!
eu odeio quem se apoia nas dores do mundo e finge ser um boneco idealizado para conviver com o resto da população.
eu odeio falta de atitude!
eu odeio com toda a minha força a mediocridade fecundada pela sociedade!
eu vou continuar odiando!
e não tenho medo de usar a palavra ódio;
seria uma hipocrisia não usá-la diante de tudo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

eu vivo fugindo
nunca me sinto presa
minha liberdade
me resgata da dor
eu vivo me perdendo
nunca me sinto no lugar
minhas tentativas
transformam minha angústia
eu vivo em outra órbita
nunca sinto meus pés no chão
minha alienação
aumenta meu sofrimento
eu vivo ansiosa
nunca sei quanto esperar
minha inquietação
diminui meus dias de vida
eu vivo pensando
nenhuma idéia possui um fim
minha insistência
consome meu corpo, a paz, minha alma
eu vivo acelerada
nunca sei a hora de parar
meu ponteiro ilimitado
me faz errar excessivamente
eu vivo sendo muito eu
sempre escuto reclamações
minha autenticidade
faz as pessoas se assustarem
só eu sei o esforço que faço para viver nesse mundo

terça-feira, 11 de maio de 2010

como incomoda a distancia blindada
que um dia foi íntima e não existe
que coisa ridícula! existir como se nunca estivesse ocorrido.
talvez, como se tudo fosse fantasioso
- é, pode ser...
mas foi! e isso deixa de existir em momentos seguintes.
como é banal a existência humana, que nem consegue dar finalidade a um só processo, antes de partir para outro.
é como não ser nada
e ao mesmo ser tudo, ao completo
o que sempre se quis
e não sentir o que é ser tudo isso
é o paradoxo constante de sentir o que se é
e nunca saber o que se é
mesmo sendo o que se é o tempo inteiro
é uma interrogação que os incomodam
criando uma repulsa sobre o que se é.
que lapso, que fuga: nunca saber o que se é;
mesmo sendo, o tempo inteiro.

domingo, 9 de maio de 2010

me via sozinha
semelhante a ser abandonada
mas não foi assim
e sentia como se tivesse sido presa
numa imensa escuridão
era de quebrar os ossos e criar aflição
de perder o sentido
e não saber mais o que é horizonte
um drama nocivo
nesse cenário eu me perdia regularmente
dia a dia uma nova confusão
um mistério latente sobre a origem de tanto mal
um certo dia raro que durou 72 horas
eu presenciei a morte rente ao meus olhos alagados
frame a frame eu sentia a morte do meu lado
o desespero era crescente
só o que restava dentro de mim era uma vida insustentável
nada fazia mais efeito
só um sepultamente progessivo, e já em lapsos descontínuos
o passado se rompeu de mim
e assim prosseguia viva inconscientemente
daquele momento em diante nasceu uma outra pessoa
que nem eu conhecia, e ainda desconheço
ainda paira o mistério sobre mim
mas a vida adquirida depois do pesadelo acordado é recompensante
há momentos que nem eu me entendo
e talvez nem queira
em meio a um misto de dores
aquela que já pulsa faz outonos
e outra que começa a doer em pleno verão
elas se somam e se anulam
se dividem e se multiplicam
eu já perdi as contas

sexta-feira, 7 de maio de 2010

o amor é bobo (né)
se encanta com qualquer besteira
ou se desfaz por qualquer bobagem
é exigente e compreensivo
sei lá, o amor é fácil e também durão
e saber ser íntegro a ele, ah, não é mole não
mas digo-lhe: vale a pena.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

se auto-destruir é fácil
a vida nos doutrina nisso
ou até a própria consciência desgovernada
quero ver fazer o contrário
o quão fácil (difícil) é isso
se auto-construir é quase para poucos
sortidos que resistem a luta
interior que se cria no meio do dia
e vai embora quando o galo canta
provocada até por detalhes cotidianos
invadindo sua mais intíma fragilidade
quando a angústia toma sua face
e a ninguém engana, e seu coração chora
em silencio para ninguém reparar
os olhos caem, perdem o horizonte
e você nem mesmo sabe como tudo começou
muito menos como vai terminar
a perda de sentido é difundida, ou fudida

segunda-feira, 26 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

necessidade de mudança
aversão ao passado
aflição de ranger os dentes
paradoxos constantes
encontros e desencontros
a paz na solidão
a confusão na rua
a vontade de ser só, só um
esquecer a humanidade
deixar tudo que existe e persiste
não ser mais nada, nem um grão
ser um conflito, existir num conflito
não ter opção, não ser uma opção
sair voando e continuar parado
é de dar nó, de dar aflição
ser tudo isso e não ser nada
é, pode até ser normal, mas não ajuda
ter de esperar passar da aflição
e é só quando a calma vem nos visitar
que voltamos pra terra, tocamos o chão
surtar por dentro, progredir no surto
um surto silencioso, dói e como dói
e ainda permanecer nele, esperar pela vida
enquanto tudo que você vê não é mais real
não é mais nada, perder os sentidos
e continuar respirando e continuar vivendo
implodir por um mísero som agudo
se liqüefazer por uma singela cena comovente
e isso não acaba por aqui, mas as palavras sim

quinta-feira, 15 de abril de 2010

um trecho
uma marca
que repassa
perpassa, embassa
perdura e dissemina

sábado, 13 de março de 2010

porque a perturbação é constante
sempre!
acompanha-nos durante os sonhos
e nós de olhos abertos
anda de mão dada com a felicidade
com a força liquidada
mas ah!
nos derruba e termina assim?
talvez e não
porque a perturbação é constante
sempre!
compõe uma infinidade invejável
traga tudo
é um bom degustador
pena que sofre de indigestão crônica

quarta-feira, 3 de março de 2010

pois é. mentiras doem. omissões doem o dobro.
o tempo que vc se enganou nem se mede.
o rasgo que fazem em seu coração talvez não tenha volta.
igual a quando destroem o seu próprio amor.
a crueldade consciente que rege tudo isso te faz de refém.
e se isso ocorre, é melhor nem reagir.
o sentido de vingança, defesa, e auto-afirmação, só desatará o que lhe resta.
eu não sei como alguns sobrevivem a isso, só sei que há quem se alimente disso.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

quem vive a vontade de se expor, se jogar, se desvendar ao mundo.
e não teme por isso, e muito! pelo contrário.
vive como se o mundo estivesse dentro de si, e por isso mesmo, tem de se mostrar a ele, se comungar a ele. como espontaneo, existencialmente espontaneo.
isso é belo, o fato de compartilhar a beleza sutil - complexamente abrangente - que abriga, e imprimi-la ao mundo que necessita tanto dessa visão.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

quão difícil é olhar para si
e é eterno
quão difícil são os erros
e permanecer na luta
incessante, que tem de ser

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

hoje eu vejo tudo com grande luz
calma: imensa serenidade
encaro tudo com força, organizada
a força, leve e inofensiva
e não tenho medo do que fui responsável
almejo mesmo com o fim tenebroso
uma boa consolidação
e esse desejo faz parte de todos os meus dias
hoje tudo que ficou no passado sobre isso
tem seu valor equivalente à verdade
daquele momento, e poder viver a verdade do passado
com liberdade pessoal é indizível
a tristeza vem assim do nada
é só olhar no coração de alguém
do nada ele se transforme
se torna triste, por detalhes
pequenos e grandiosos
o paradoxo dos sentidos
ela vem em momentos não convenientes
mas vem, não deixa de existir
não deixa de insistir
se revela pro mundo via você
e não se perde no caminho
a existencia dela é mais que importante
dar valor à ela é um ato de sabedoria
mas ignorá-la, e ou, deixar-se vencer
por ela: é um ato de desperdício

sábado, 20 de fevereiro de 2010

se o coração bate em direção àquela pessoa
mas também existe um misto de outras direções
para aquela pessoa
e você decide melhor se afastar
por ser indomável o que vive por aquela pessoa
e você constroe uma ilusão por querer se defender
de si mesmo: de seus sentimentos
se você acha que o perigo é a outra pessoa
eu não queria dizer: mas é vc quem se engana.

quando a emoção toca seu corpo não há movimento que a expresse

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Eu tenho um amor em que me envolvi, em que parte me embaracei não sei, sei que nele me encontro todo instante. Faz assim, eu me inspirar em momentos lentos de calmaria interior. Faz assim, eu me aliviar da vida, faz com que tudo se envolva a mim, em sentimentos sutis que participo com ele, e que destes discretos sentimentos se abra um universo vasto de pureza e beleza subjetiva.
Faz tudo que ultrapassa uma imaginação, produz e reproduz uma sublimação e completude de momentos por quiasquer que sejam. Desde o momento em que me entrelacei ao amor, o ar mudou de estado e peso, e mudou assim minha transpiração, e cessou minha ofegação. É bobagem falar, mas a penetração de meus olhos com a vida se transformou ao ápice de compreensão e sensibilidade.
Trouxe o prazer do silêncio ao sentido de minha visão, trouxe o encaixe de meus sentidos em meu corpo, e espírito. Trouxe o que não sei como descrever, mas trouxe.
Dos dias de solidão, não se destaca minha carência, já que meu eu pouco carece agora, agora dele brota dimensões de uma liberdade gradual, sensorial, e transcendental para o que se estende desta dimensão.

Mas muito mais que isso se estende deste amor, mas muito mais do que pode ser dito.
Por isso fico por aqui, sem me exautar muito, só apenas contemplando este tal amor.
E contemplar o amor, e amar a contemplação do amor não pode ser pouco, nem menos do que se sente.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

eu insisto em dizer - nada tenho a dizer.
procurando revelar alguma verdade, mesmo que exista.
não me preocupo em demonstrar isso.
o tempo passa e ações mofam, e há sempre alguém a se defender, alguém a se desproteger.
nesse momento, trago a neutralidade.
porque buscar aqui um apreço de quem vale ou não, não existe.
não vence! já venceu o prazo de tudo que é próspero.
tentar discutir e emplacar julgamentos melhores: só trará destruição.
por isso fujo dessa merda toda, com a maior sinceridade expressa desde o fundo do meu peito.
prefiro carregar o termo de culpa - culpado! que traz os julgamentos.
sendo verdade ou não.
de ter que ir à julgamento, à essa agressão pública e egoísta.
que nada muda, se o caminho que se ambiciona é o mesmo, o de reproduzir valores altamente convencionais e convenientes, para encontrar o desvalido, que se quebra por causa do ego ferido dos demais - eu me desfaço dessa burocracia social!

assinado. robert coelho

assinado. lívia luciano

sábado, 16 de janeiro de 2010

e logo vem o grito
que mata
e me traz a solidão
e o desfecho
com a falência
de minha vida

e me vem silencioso
privativo, que só a mim
retorna, e só a mim
enfrenta, mas só a mim
deseja

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

as vezes me vem a vontade súbita de ter que escrever a alguém
e isso me vem recente, de tanto que mal sei a quem se destinaria tal grito.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

minha vida está descarregada
virada do avesso
esquecida na vila desvão
soterrada por pés delicados
e sujos de terra vermelha
com cordas atadas
a voz que soava se estrangulou
o velho de botas não apareceu
o telefone agora mudo
a flor lacrimejou ácido
não sei, há quanto tempo foi
só sei que tudo se foi...