segunda-feira, 30 de novembro de 2009

e eu tenho uma saudade aguda
vontade de voar
de viver, de pular e gritar
de me semear às pessoas

mas meu coração se afaga
porque ele próprio não se alcança
somente se lança
deseja sempre viver duas vezes

e esse vício pela vida o entorpece
cada vez mais
o faz perder o sugo do prazer
num lance de segundo engolido

domingo, 29 de novembro de 2009

e me roçar na pele tua
nem sempre foi muito fácil
desde que se isso evoca
emoção uma emoção descontrolada
dentro de mim tão extasiada em pedaços
e se eu gozar de medo ao me deparar com o esplêndido?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

paraliso minha imagem
tenho vertigens
meu ego se desconstroe
minha persona
me vejo comparado com
e se eu me sentir confortável
é mentira
porque todos olhos me encaram?
não quero vocês me aprovando
se desfazendo de mim
é uma farsa da sua imaginação
mas quem há de revogar isso?
eu não!...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

a força resplandece
o brilho que há por dentro
tudo o que vc há de fazer
e a calmaria traz todo desejo
meu sonho (não) ofusca
pelos que aqui não acreditam
e complicam o mundo
o ritmo alucinante dos cargueiros
entorpece os mais velhos
os mais novos de alma
afoga por completo o desfecho
previsto e enfeitado de vida pura
o medo atormenta e é dissipado
para o infinito da terra ocre
meu desejo não se exprime
com íntegra sensibilidade
mas vadia pelo meu corpo fatalmente
me seduz e diz:
e faz: com que seja seu
na plena luz do alvorecer
e me promete a saúde-felicidade

e acordo a vida com alegria

lateja um sopro de dor, a ventania
o tormento
a visão abominável dos fatos
o terror embassado nos óculos escuros
eu tive medo àquela hora
eu tenho medo
mas meu medo não supre meu-eu
vencedor
os ruídos dos que estão defecando
me assusta como o que foi morto
na esquina
mas, no fundo, o bom, é que, resiste
a verdade dentro de mim
ela não se perde nas confusões
de outrem
e eu saldo a vida
dô um pulo para o oceano, o alto da
esperança, e
mergulho na paisagem, por
entre as nuvens,
navego com os que tem asas
e acordo a vida com alegria

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

se pudesse faria uma homenagem
uma homenagem homérica
uma saudação aos que aqui viveram
e todos que tiveram de mim
um pedaço, um composto de oxigênio

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

meu corpo incha, explode os problemas.
surtam os gritos desmazelados da dor.
o medo se contrai no meio do clímax: não há o que fazer.

os pés fogem, esperançosos
a pele rasga, inocentemente
os olhos declamam, romanticamente
as unhas quebram, aflitas
os cabelos queimam, preocupados
os pêlos gemem, assustados
e o corpo se desintegra na esquina

o inferno se revela, e ridiculariza o que vê.
impulsiona a alma, a minha, pobre coitada, para o céu.
expulsa a nuance, mal representada, do mal.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

começo a não saber o que quero, e o que isso se desfaz de mim.
permito a distância entre o que sou, e o que quero.
não traduzo essa relação a uma igualdade, mas a uma mera compatibilidade.
me concedo a liberdade que ninguém acredita existir.
os outros falam pra eu não continuar dessa forma, que eles me daram uma força para vencer esse conflito.
dizem para eu não confiar minhas verdades aos demais, pra não provocar julgamentos inférteis nas bocas de outrem.
mas se eu for me preocupar com todos esses pré-requesitos, para uma próspera exposição social, que a todos enganam, eu não viverei naturalmente quem sou.
será melhor deixar engolir a verdade pelos outros, ou escanrá-los ao que lhes assustam e repudiam?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

perdi todos meus amigos, já nem ligo pra mim.
você pode pensar: 'nossa, mas que visão turva das coisas'.
mas isso também pode ser uma realidade.
de muitos, e mesmo se for de poucos, a verdade disso não se reduz.
já não tenho quem me acompanhe, me desapeguei de todos.
muitos não me aprovam, mentem pra mim, ou se escondem atrás do que desejam de si.
disfarçadamente se sustentam na companhia que ofereço, alimentam-se de mim sua fome.
não posso conviver com isso, não posso esquecer ao que eles se sucumbem.
mal quero que isso se aproxime de mim.
e já que ninguém me leva a sério, ninguém acredita em mim.
tanto faz. ficar aqui sozinha, ou com eles.
e agora, posso parecer um animal esquisito, um louco extremista morto pela solidão.
sou feito do que se esquivam, aquilo que queima a pura inocência.
na verdade, tudo isso é um preconceito primitivo, de quem não suporto a dor da realidade.