segunda-feira, 31 de maio de 2010

a dor e o silêncio
o silêncio e a dor

a solidão e a paz
a paz e a solidão

a emoção e a fuga
a fuga e a emoção

a responsabilidade e a particularidade
a particularidade e a responsabilidade

o amor e a liberdade
a liberdade e o amor

o desejo e o medo
o medo e o desejo

o prazer e a sensatez
a sensatez e o prazer

a oscilação e o equilíbrio
o equilíbrio e a oscilação

a verdade e a intenção
a intenção e a verdade

o tropeço e o perdão
o perdão e o tropeço

o exílio e a carência
a carência e o exílio

o conforto e a vontade
a vontade e o conforto

as palavras e a imensidão
a imensidão e o nada

domingo, 30 de maio de 2010

me deparo com o medo íntimo
ou o medo tátil
e, ou até o medo conceituado

todos nós sentimos medo
medo! medo! medo! medo!
um buraco concebido pela sociedade

depois de tanta agressão
meu corpo se aflinge
com a proximidade de outrens

acho tosco.
mas tornei-me uma ostra
em decorrência dos fatos

me conformo.
não transcendemos ainda
nossa condição humana

e berro.
todos nós vivemos a mesmice alheia
ninguém está acima ou abaixo, todos!

terça-feira, 25 de maio de 2010

a tendência humana é sofrer
por mais que todos nós demos risadas todos os dias
não há quem não tenha devaneios cotidianos
fique frágil e só perceba momentos após
não há um olhar que não se perca inconscientemente
todos nós carregamos fados
e ele nunca deixará de existir
nós que transformamos como viver junto a ele
o que importa é como enxergamos a vida
e que maravilha é isso, nós que formamos nossa maneira de ver o mundo
como mais nos agrada, conforta e enfim, nos faz feliz!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

já perceberam como o amor funciona de forma descartável?
basta nos incomodar um pouco que o largamos.
e substituímos por outro, que no futuro sofrerá do mesmo mal.
pra mim o amor sempre funcionou de forma única e impar.
dentro da minha lógica não se encontra outro alguém.
de acordo com o que observo o amor só agrega frustrações.
percebo regularmente a fraqueza psico-emocional das pessoas para ultrapassar as crises.
o expoente crucial da desestruturação dos relacionamentos.
já que as pessoas não se vêem prontas para domar os problemas.
acho que estar pronto nessa vida é quase uma ilusão.
não nascemos prontos, não é? pelo contrário, compartilhamos da evolução.
e a evolução tem que ser respeitada, vivida com paciência.
se olhamos para nosso parceiro e achamos que ele não é o suficiente, é uma pena, porque ninguém será suficiente por inteiro.
o ser-humano nunca será completo, cada um é uma peça do quebra-cabeça para completar o quadro.
por isso a necessidade de nos unirmos, e nunca consumada até hoje.
essa idéia de individualismo que é vendida pelas vitrines é um equívoco quanto a nossa essência.
eu que faço parte de tudo isso, acho tudo tão triste.
teimo em dizer que as pessoas estão bem longe de saber a verdade sobre elas mesmas, e nós em comunhão.
falam sobre a degradação da comunicação social
em contraponto a mega introdução da tecnologia no cotidiano alheio
o substituto alvo da velha boa conversa amiga
diante de observações sobre o assunto
é perceptível a depreciação atual do uso de meios comunicativos - em geral
o vazio de assuntos e conteúdos
a implantação de nada dito o tempo inteiro
mesmo ao som de diferentes vozes constantes
de textos, imagens, tudo que constitui informação
pessoalmente posso dizer que tento combater este mal
e muitas vezes me sinto derrotada
a maioria não possui interesse ou mesmo receptividade para assuntos um pouco mais elaborados
o pensamento coletivo tem atrofiado aos passar de cada dia
e tem provocado o silêncio de outros
engraçado porque há os que defendem uma boa dialética, mas não arriscam com seus demais
ainda não descobri o antídoto para a febre de tanta conversa descartável
pense comigo
isso merece um protesto
um alerta nacional, internacional
acredito que a falta de estímulos psíquicos, como ler, ver, ouvir: pesquisar, investigar, instigar, contribui para a paralisia cerebral que vivemos em lento processo progressivo
é muito comum escutarmos repetidamente o mesmo assunto, a mesma frase, o mesmo acontecimento ao longo da semana
ou presenciarmos com a mesma linha de pensamento sobre política, economia, filosofia, psicologia, e nada de novo
a paralisia cerebral também acarreta a paralisia corporal, a desmotivação, o desejo vicioso de não se movimentar mais
tudo muito perigoso
por isso meu manifesto
tomem consciência

sexta-feira, 21 de maio de 2010

eu hibernei por muito tempo
e continuei vivendo. quase que alucinada
aprendi com a pele e é eterno
a memória será pra sempre viva
e o silêncio é uma prece
de tudo que já foi dito, de tudo que já vi
o silêncio é a conquista

segunda-feira, 17 de maio de 2010

quando o passado começa a se revelar
rente ao presente
mesmo que não haja detalhes sobre
tudo começa a ser tornar duvidoso
e cair desse precipício é vacilante
quase atraente
ou
traidor mesmo
eu odeio desconfiança
eu odeio falta de sinceridade
e esses dois andam juntos
quem tem medo de falar
quem sofre por não saber
todo dia eu me lembro
do tempo que me esconderam das verdades
e isso é o que mais me machuca
mais do que tudo
eu odeio falta de caráter
eu odeio falta de coragem
eu odeio quando eu sei que aquela pessoa não foi ela mesma comigo, mesmo que o verdadeiro dela seja ruim!
eu odeio falta de personalidade!
eu odeio quem se apoia nas dores do mundo e finge ser um boneco idealizado para conviver com o resto da população.
eu odeio falta de atitude!
eu odeio com toda a minha força a mediocridade fecundada pela sociedade!
eu vou continuar odiando!
e não tenho medo de usar a palavra ódio;
seria uma hipocrisia não usá-la diante de tudo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

eu vivo fugindo
nunca me sinto presa
minha liberdade
me resgata da dor
eu vivo me perdendo
nunca me sinto no lugar
minhas tentativas
transformam minha angústia
eu vivo em outra órbita
nunca sinto meus pés no chão
minha alienação
aumenta meu sofrimento
eu vivo ansiosa
nunca sei quanto esperar
minha inquietação
diminui meus dias de vida
eu vivo pensando
nenhuma idéia possui um fim
minha insistência
consome meu corpo, a paz, minha alma
eu vivo acelerada
nunca sei a hora de parar
meu ponteiro ilimitado
me faz errar excessivamente
eu vivo sendo muito eu
sempre escuto reclamações
minha autenticidade
faz as pessoas se assustarem
só eu sei o esforço que faço para viver nesse mundo

terça-feira, 11 de maio de 2010

como incomoda a distancia blindada
que um dia foi íntima e não existe
que coisa ridícula! existir como se nunca estivesse ocorrido.
talvez, como se tudo fosse fantasioso
- é, pode ser...
mas foi! e isso deixa de existir em momentos seguintes.
como é banal a existência humana, que nem consegue dar finalidade a um só processo, antes de partir para outro.
é como não ser nada
e ao mesmo ser tudo, ao completo
o que sempre se quis
e não sentir o que é ser tudo isso
é o paradoxo constante de sentir o que se é
e nunca saber o que se é
mesmo sendo o que se é o tempo inteiro
é uma interrogação que os incomodam
criando uma repulsa sobre o que se é.
que lapso, que fuga: nunca saber o que se é;
mesmo sendo, o tempo inteiro.

domingo, 9 de maio de 2010

me via sozinha
semelhante a ser abandonada
mas não foi assim
e sentia como se tivesse sido presa
numa imensa escuridão
era de quebrar os ossos e criar aflição
de perder o sentido
e não saber mais o que é horizonte
um drama nocivo
nesse cenário eu me perdia regularmente
dia a dia uma nova confusão
um mistério latente sobre a origem de tanto mal
um certo dia raro que durou 72 horas
eu presenciei a morte rente ao meus olhos alagados
frame a frame eu sentia a morte do meu lado
o desespero era crescente
só o que restava dentro de mim era uma vida insustentável
nada fazia mais efeito
só um sepultamente progessivo, e já em lapsos descontínuos
o passado se rompeu de mim
e assim prosseguia viva inconscientemente
daquele momento em diante nasceu uma outra pessoa
que nem eu conhecia, e ainda desconheço
ainda paira o mistério sobre mim
mas a vida adquirida depois do pesadelo acordado é recompensante
há momentos que nem eu me entendo
e talvez nem queira
em meio a um misto de dores
aquela que já pulsa faz outonos
e outra que começa a doer em pleno verão
elas se somam e se anulam
se dividem e se multiplicam
eu já perdi as contas

sexta-feira, 7 de maio de 2010

o amor é bobo (né)
se encanta com qualquer besteira
ou se desfaz por qualquer bobagem
é exigente e compreensivo
sei lá, o amor é fácil e também durão
e saber ser íntegro a ele, ah, não é mole não
mas digo-lhe: vale a pena.