terça-feira, 29 de novembro de 2011

recaída

eu tenho
um inferno
pra te mostrar
mas eu nobre
vou me calar

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

acordo adormecida, dou três passos, diante da cama com os lençóis enrugados, e é claro em meu rosto que estou demasiada em mim mesma, num fluxo constante, imersa na solidificação de meu indivíduo, nada está tão claro na verdade, mas nem tão obscuro; a mesmice me dá fadiga, ser comum nunca foi comigo, mas se me atenho a ser assim, sou sugada por todos as brechas possíveis, e me desfaço de meu imponente ímpeto; eu vou divagando, divagando por aí, tão silenciosamente, que quase não escuto, as vezes minha voz vêm numa ausência tão grande que me pega como um berro escandalizado: eu não sei o quanto vejo de mim, e o quanto perco das coisas; na minha solidão eu perco a cada instante, e venço a todo momento, gosto da minha solidão, pois ela é sincera, fiel, e presente, pode ser loucura, mas acho que mais vale ela, do que ter consigo desatinos humanos, nela posso saborear minhas mais puras emoções e destilá-las aos meus temperos favoritos, não é preciso qualquer tipo de comunicação, pois ela já está em mim, o prazer que tenho de permanecer calada comigo, em alto tom, não tem preço.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

tudo piora o tempo todo
eu não consigo controlar meus dedos
minha ansiedade que é pura insegurança
transborda sobre meu peito
eu observo o olhar que me atinge
e só vejo desesperança
os que sorriem só se enganam
pois de outro jeito não conseguem viver
eu não posso mentir
o mundo foi infectado pelo pessimismo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

... Antonieta sofria por ter que constituir um corpo, que tinha um determinado peso e doenças, que não pudesse vagar por aí livre de condicionamentos; por ter de se apoderar de coisas, que eram somente coisas e não chegariam a lugar algum, e iriam se decompor como ela, mas pior, não podiam nem  transcender o estado de coisas, ao contrário dela, que poderia transcender o estado de corpo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

eu simplesmente não entendo
a agressão está por todos os lados
você a apoia?
dê-me um argumento suscito que valha.

não importa se ela é
particular ou social
qualquer tipo dela só desmoraliza mais o estado em que estamos

pense rapidamente
qualquer tipo de repressão
lhe causou uma conseqüência
em algum grau negativo

se você está realmente
se importando com o que move o mundo,
os interesses alheios, e não só com o que é proclamado na TV
saberá que há algo a fazer, porra!

cansei. você não cansou?
do comodismo alheio... e pior, do seu?
faça algo! pare de só observar e achar que está mudando algo em torno de si.

já viu alguma mudança significante fazer a diferença?
FAÇA!

eu cansei dessa mesmice alheia e emburrecidamente comodisda!
 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

lembro-me de usurparem minha dor
a raiz mais íntima dela e de mim
vozes escandalizavam como algo banal
como se fosse uma puta estupidez louca
cansei de todos e seus inúteis julgamentos
me rebelo contra todos
tô farta da alheia mediocridade invasiva
não brinque com a minha dor
só eu sei o quanto ela é profunda
e a impotância, de como que ela me move
as pessoas nunca entendem umas às outras
porque são todos sentimentais mesquinhos e peçonhentos