segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

a vida me engoliu
e me digeriu ao cansaço
à fermentação do tempo
ao vício de se roer
sem garras puramente afiadas

destinou os barulhos surdos
e insensíveis do concreto
ofereceu a imensa euforia
de não se possuir, energia

queimou as cinzas
tornando-se oferenda para a dor
engoliu os pedaços mais sórdidos
das delícias, que estampavam aquele
velho olhar, que agora

habita o escuro do chavão deste vazio
ocular, que desmembra anseios anciões
do passado, um mostruário do desvio
vivenciado à insônia

pertencente
aos sonhos desconfigurados, por tempo
indeterminado, mas logo dissipados com
o mesmo tempo que não cessa a inócua
vontade de viver, mas permanentemente
existente.

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